A carta.
Cara
Liesel,
Sei
que você me acha ridícula e nauseabunda
(consulte
esta palavra, se não a conhecer),
mas devo
dizer-lhe que não sou tão estúpida
que não
veja suas pegadas na biblioteca.
Quando
notei a falta do primeiro livro,
achei
simplesmente que o pusera no lugar errado,
mas depois
vi os contornos de uns pés no chão,
em algumas
réstias de luz.
Isso
me fez sorrir.
Fiquei
contente por você ter levado o que era seu por direito.
Depois
, cometi o erro de supor que aquilo seria o fim.
Quando
você voltou, eu deveria ter-me zangado,
mas não
me zanguei.Pude ouvi-la,
da
última vez, mas resolvi deixá-la em paz.
Você
sempre leva apenas um livro,
e serão
necessárias mil visitas até
que
todos tenham sumido.
Minha
única esperança é que, um dia, você bata
à porta
da frente e entre na biblioteca da maneira mais civilizada.
Mais
uma vez, lamento não termos mais podido manter o emprego
de sua
mãe de criação.Por último, espero que você ache útil
este
dicionário e tesauro, ao ler seus livros furtados.
Cordialmente,
Ilsa
Hermann
( trecho do livro pags.264-265)